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Como é dar uma voltinha em um caminhão de 53 toneladas

Peso é o do veículo mais a carga. Foi a primeira experiência de repórter ao volante de um veículo do tipo, que custa R$ 500 mil e faz quase tudo sozinho.

Em alguns anos fazendo a cobertura do setor automotivo, já dirigi centenas de carros, de fabricantes, segmentos e preços diversos. Mas nunca tinha guiado um veículo tão grande e pesado quanto este verde das fotos: o Mercedes-Benz Actros 2546.

O Actros é o caminhão pesado topo de linha da Mercedes no Brasil. A fabricante encerrou 2017 como a líder de mercado de caminhões, com quase 30% de participação.

Como é preciso ter habilitação especial, do tipo E, para sair nas ruas com um grandalhão desses, o test-drive foi na fábrica da montadora em Campinas (SP), onde são produzidos componentes.

Grandes números

Só o cavalo (a parte dianteira, onde fica a cabine) tem 6,87 metros de comprimento – quase o mesmo que 2 Renault Kwid enfileirados. Se somarmos a carreta que estava acoplada no dia do teste, o comprimento salta para 18,6 metros – ou 5 Volkswagen Up! enfileirados.


Mercedes-Benz Actros 2546 leva até 60 toneladas (Foto: Fábio Tito/G1)

O peso do caminhão, sem carga, é de praticamente 10 toneladas. Mas para que facilitar para um iniciante, certo? Considerando o cavalo e a carga (sacos de areia), o modelo pesava 53 toneladas.

Para colocar todo este conjunto em movimento, o motor também tem dimensões generosas. O OM 460, tem 6 cilindros em linha e 13 litros. Isso significa que cada um dos cilindros tem capacidade volumétrica de pouco mais de 2 litros. Como comparação, em um carro popular com motor 1.0 de 3 cilindros, cada um deles tem capacidade volumétrica de 0,33 litro.

A potência é de 460 cavalos – até aí nada anormal para o tamanho do propulsor. O torque, como em todo motor a diesel, é que impressiona. São 234 kgfm, entregues integralmente a 1.100 rotações por minuto. É o mesmo que uma frota de quase 24 unidades do Chevrolet Onix 1.0.

Para gerenciar potência e torque, o Actros 2546 usa um câmbio automatizado de 12 marchas, recurso comum para o segmento dos pesados, que puxam mais de 45 toneladas.

Caminho para o autônomo

Com toda esta descrição, a tarefa de dar algumas voltas com um caminhão pesado pode parecer penosa. Grande engano. O Actros 2546 Mega Space Segurança (a versão mais cara e completa do modelo) tem mais tecnologia do que alguns carros de centenas de milhares de reais.

O caminhão custa cerca de meio milhão de reais. O preço inclui cabine mais alta e itens de segurança como aviso de mudança de faixa – no painel e por aviso nos alto-falantes –, frenagem automática e controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, que mantém distância do veículo à frente.
Infelizmente, alguns deles não existem na maior parte dos caminhões novos, com exceção de alguns pesados.

A Scania, que tem o caminhão pesado mais vendido do país, o Série R, também disponibiliza os itens, que totalizam aproximadamente R$ 35 mil. Com todos estes recursos, um R 440 6x2 custa cerca de R$ 540 mil.

A Volvo também oferece estes equipamentos em seu pesado, o FH. A fabricante, no entanto, não informou os preços até o fechamento desta reportagem.


Radar na frente do Actros 2546 identifica veículos nas proximidades (Foto: Fábio Tito/G1)

A assistência ativa de frenagem, por meio de um radar instalado na dianteira do caminhão, detecta um veículo mais lento à frente.

Se o motorista não toma qualquer atitude, o Actros freia de forma autônoma. Se preciso, com uma força absurda, capaz de assustar quem está a bordo.
Falando em freios, eles possuem ABS (que evita o travamento das rodas) específicos para cavalo e carreta, e são auxiliados pelo controle de tração. Também há assistente de partida em rampas, que segura o caminhão em ladeiras por até 3 segundos.

Como se fosse carro

E para colocar o gigante em movimento? A tecnologia facilita tudo: é quase tão simples quanto dar a partida em um carro. Basta virar a chave, liberar o freio de estacionamento (no painel) e selecionar a marcha – que não é necessariamente a primeira.


Direção do Actros é precisa e tem posição quase horizontal (Foto: Fábio Tito/G1)

Transmissão automática ou automatizada não é "luxo" dos pesados: ela também já é oferecida em categorias intermediárias.

Mesmo carregado com 53 toneladas, em piso plano, o caminhão começa a se movimentar em terceira marcha – a primeira é usada quando há maior demanda de potência e torque.

A suavidade, mesmo em um veículo deste porte, impressiona. Como o objetivo não é vencer nenhuma corrida, ele ganha velocidade lentamente.

Acelerar progressivamente "alivia" o bolso do caminhoneiro: é possível ser mais veloz, mas a conta vem com o consumo de combustível elevado.

Sem esforço

Seguindo a proposta de economizar combustível, as marchas são trocadas de forma imperceptível e a giros baixos. Enquanto isso, o motorista não faz esforço algum graças à assistência na direção.


Alavanca de câmbio do Mercedes-Benz Actros 2546 (Foto: Fábio Tito/G1)

Por outro lado, é preciso ficar atento nas curvas, afinal, todas as referências de espaço mudam quando se sai de um carro de passeio para uma carreta de 18 metros. No caminhão, o motorista começa a esterçar o volante mais tarde, quase “dentro” da curva.

O motorista ainda tem à disposição um computador de bordo mais completo do que de carro da própria Mercedes, com dezenas de informações, como pressão da turbina, temperatura e horas de uso do motor, do óleo, status da bateria e dos eixos. A tela também informa quando é necessário realizar a manutenção do caminhão.


Quadro de instrumentos do Mercedes-Benz Actros 2546 (Foto: Fábio Tito/G1)


Apenas o cavalo tem quase 7 metros de comprimento (Foto: Fábio Tito/G1)


Interior do Actros 2546 tem dezenas de botões (Foto: Fábio Tito/G1)


Versão mais completa do Actros tem 3,7 metros de altura (Foto: Fábio Tito/G1)