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Tocantins inaugura em Minas mais uma unidade de mistura

No Triângulo, avançado, forte, franco, como diria Guimarães Rosa, a Fertilizantes Tocantins (FTO), controlada pela companhia suíça EuroChem, inaugurou ontem mais uma unidade de mistura, desta vez em Araguari (MG), no norte da região mineira. Se é forte e franco, é difícil dizer. Mas, nessa parte, é verde.

Cercada de lavouras de café e milho, em uma área de 158 mil metros quadrados, desponta a oitava unidade de mistura da Fertilizantes Tocantins no país, construída a partir de investimentos de R$ 91 milhões e com capacidade de expedição de 6 mil toneladas por dia. Em 2019, já serão 500 mil toneladas, e no ano que vem o volume deverá chegar a 1 milhão.

Desde 2008, quando foi iniciado o projeto de expansão, a empresa saiu de 20 mil toneladas de adubos vendidos para 2,5 milhões de toneladas previstas para este ano. A companhia faturou R$ 2,7 bilhões em 2018 e projeta chegar a R$ 4 bilhões neste ano com o aumento de capacidade. "Foram as pessoas que possibilitaram esse avanço", afirmou José Eduardo Motta, sócio-fundador e presidente da Tocantins.

As pessoas e os investimentos do russo Andrei Melnichenko, proprietário da EuroChem, com sede na Suíça e vendas de US$ 5,6 bilhões em 2018. Foi a terceira inauguração de uma unidade de mistura da Tocantins desde a venda do controle acionário para a EuroChem, em 2016. Ao todo, foram investidos cerca de R$ 210 milhões.

"Podemos dizer que estamos muito felizes com esse investimento na Fertilizantes Tocantins", afirma o norueguês Petter Ostbo, CEO da EuroChem, que participou da inauguração em Araguari. E devem estar mesmo. Ostbo está no cargo desde 1º de junho, e o evento no Triângulo Mineiro foi o primeiro da agenda em sua nova função. "Hoje é o meu primeiro dia!", brincou ontem.

O mais novo funcionário da EuroChem não esconde a empolgação com o mercado brasileiro. "Quando você olha os mercados, o Brasil é o melhor lugar para estar. É um país grande, complexo e competitivo. Tem seus altos e baixos econômicos e políticos, mas segue aumentando a produção", afirmou Ostbo, para depois complementar: "nada é livre de falhas, mas o ponto é que os produtores entregam".

Recentemente, a EuroChem executou uma dívida da Fertilizantes Heringer, que pediu recuperação judicial. Questionado sobre o interesse em aumentar investimentos no país, Ostbo informou que não há nenhuma conversa em andamento nesse sentido. "Mas é claro que você tem de considerar cada coisa individualmente", ponderou. "A população está crescendo e a comida tem de ser produzida em algum lugar. Esse foi ponto de decisão para vir para cá", disse. Com a nova unidade, o CEO da EuroChem acredita que a Fertilizante Tocantins alcançará aproximadamente 8% de participação no mercado brasileiro de fertilizantes.

Atualmente, a empresa tem 6,5%, segundo a AMA, entidade que representa as misturadoras de adubos do país, e ocupa a quarta colocação num mercado cujas vendas totalizaram 35,5 milhões de toneladas em 2018, de acordo com dados da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda).

A perspectiva do norueguês poderá até ser superada. Com o incremento de produção da unidade de Araguari, José Eduardo Motta, o presidente da Tocantins, avalia que a fatia poderá crescer para 9% ou 10%. Mas ele disse que o momento não é buscar ampliar ainda mais a participação. "Precisamos consolidar nossos investimentos". Em 2018, foram inauguradas unidades de mistura em Sinop (MT) e em Catalão (GO).

A planta de Araguari marca a entrada da Tocantins no mercado do Sudeste. "A gente começou no Norte e no Nordeste; com as unidades do ano passado, entramos no Centro Oeste e, agora, estamos presentes no Sudeste. É muita coisa para consolidar", disse Motta.

Com a promessa de ser a unidade de mistura "mais moderna do Brasil", a nova fábrica é a única no interior do Brasil diretamente conectada a um porto. A matéria-prima sai do porto de Vitória (ES) e é transportada por ferrovia até o terminal da VLI em Araguari. De lá, por meio de um sistema de correias, chega até a fábrica. Assim, a matéria-prima básica para as misturas (NPK) sai das minas da EuroChem na Rússia com poucas escalas para as dependências em Minas Gerais. O transporte nas minas também é por trilhos.

"É a nossa primeira experiência de conexão direta entre a fábrica e o terminal", afirmou Fabiano Lorenzi, diretor Comercial da VLI. A expectativa é a que a operação com a Tocantins incremente em cerca de 20% o volume de fertilizantes que passa pelo terminal da VLI na unidade de Araguari. Por ano, o volume movimentado fica ao redor de 800 mil toneladas de adubos e 4,5 milhões de toneladas de grãos. Outras parcerias como essa estão sendo consideradas, contou Lorenzi. "A procura aumentou após o tabelamento do frete rodoviário", disse.

"Dentro da VLI, esse de Araguari é o único terminal que chega com fertilizantes e sai com grão. A FTO vai tornar o modelo ainda mais eficiente", afirmou. Considerando a recepção ferroviária e rodoviária, a unidade da Tocantins poderá receber até 8 mil toneladas de adubos por dia.

Num cenário de muita dependência de rodovias, a Tocantins tem investido para tornar o transporte um pouco mais multimodal. "Fecharemos 2019 com 36% do volume total importado usando os modais ferroviário e hidroviário", afirmou Motta durante o evento de ontem.

Segundo ele, ao analisar as plantas não portuárias da Tocantins, quase 70% do produto importado abastecerá as fábricas via transporte multimodal. "São mais de 700 mil toneladas que transportaremos por trem ou barcaças este ano, por intermédio de nossas parcerias com VLI, Rumo e Hidrovias do Brasil ". O volume será 75% superior ao de 2018.

Se depender do entusiasmo do presidente da Tocantins, o novo CEO da EuroChem voltará muitas vezes ao Brasil. E não apenas para matar a saudades das churrascarias.

 

A jornalista viajou a convite da empresa

 

FONTE VALOR ECONOMICO