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Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, faz blindagem anticorrupção no ministério

'Queridinho' de banqueiros, ministro tornou-se um dos conselheiros mais próximos de Bolsonaro.

O ministro Tarcísio de Freitas é o “queridinho” dos banqueiros da Faria Lima e da elite empresarial. Sobram elogios ao titular da pasta da Infraestrutura, superando até aqueles dispensados a Paulo Guedes, da Economia, e Teresa Cristina, da Agricultura.

Banqueiros e industriais estão impressionados com a capacidade de trabalho do ministro, que conseguiu fazer 27 leilões de concessão neste ano, entre aeroportos, áreas portuárias, ferrovia e rodovia.

Todavia um pedaço importante da atuação de Freitas, que é engenheiro e militar, vem passando quase despercebido: o esforço não apenas de afastar os corruptos da área de infraestrutura, como de criar mecanismos capazes de mantê-los longe, independente do governo de turno.

 

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas - Pedro Ladeira - 16.abr.2019/Folhapress

 

A tarefa é complicada. A pasta da Infraestrutura é sucessora do antigo ministério dos Transportes, conhecido por ser um antro de corrupção, particularmente no Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e na Valec, de construção de ferrovias.

Ex-diretor do Dnit na época da “faxina” ética do governo Dilma e secretário do PPI (Programa de Parceria de Investimentos) na Casa Civil da gestão Temer, Freitas sabia o vespeiro que estava se metendo quando aceitou o ministério oferecido pelo presidente Jair Bolsonaro.

Antes mesmo de tomar posse, ele anunciou a criação de uma sub-secretaria para o combate à corrupção e colocou no comando uma delegada. O órgão elaborou um protocolo para a seleção de servidores em parceira com a Polícia Federal e a CGU (Controladoria Geral da União).

Dois critérios simples norteiam as escolhas: lisura de conduta e experiência profissional compatível. O processo seletivo ajuda a blindar o próprio ministro, que já recebeu indicações políticas de todos os tipos. Em uma ocasião, um parlamentar trouxe um currículo para a chefia de uma área de manutenção e construção de rodovias. O candidato era formado em – pasmem – teologia.

O programa ganhou o nome de Radar Anticorrupção e os editais começaram a sair em fevereiro, com vagas para chefiar coordenadorias no Dnit e para comandar superintendências regionais. Até agora foram cinco seleções, com 211 inscritos, 49 entrevistados e seis nomeados. Os dois últimos concursos ainda não foram concluídos.

O sistema também  está sendo ampliado para autarquias vinculadas ao ministério como, por exemplo, as companhias docas, outra área tristemente famosa pelo desvio de recursos. O próprio Temer é hoje investigado por supostamente receber propina para editar a “MP dos Portos”.

Graças ao bom desempenho, Freitas tornou-se um dos conselheiros mais próximos de Bolsonaro, que, apesar das acusações que pesam contra seus filhos, tem o mérito de ter deixado a pasta da Infraestrutura, alvo da cobiça dos políticos, nas mãos de um técnico.

O ministro faz questão de cultivar a imagem de gestor e de se manter afastado das disputas, mas é cotado para voos mais altos na Esplanada. A resistência, porém, promete ser grande, vinda não só dos partidos, mas da militância bolsonarista, que o atacou pelo “pecado” de vender projetos de infraestrutura no Brasil aos representantes do megainvestidor George Soros.

Raquel Landim | Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

 

FONTE FOLHA UOL