Meirelles descarta elevar impostos, mas admite "outros tipos" de cortes de gastos
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que o governo não considera elevar impostos caso o crescimento surpreenda para baixo e a reforma da Previdência não seja aprovada. "Não estamos considerando aumentar impostos agora", disse Meirelles, em entrevista à TV Bloomberg no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Ele afirmou que o governo está considerando "outros tipos de cortes de gastos", sem especificar quais. "Um importante ponto a se levar em consideração nos cálculos é que o PIB vai crescer mais do que o esperado anteriormente". Perguntado sobre previsões de crescimento para 2018, Meirelles comentou que 3% é "um bom número", e que há mais chances de surpresas para cima do que para baixo. O ministro disse ainda que o atual nível de câmbio não é problemático e que este é apenas um elemento importante para o crescimento, mas não o único.
Na entrevista à "Bloomberg" ele voltou a dizer que não existe um plano B, alternativo à reforma da Previdência e que espera que esta seja votada fevereiro. Depois de o relator da reforma, deputado Arthur Maia (PPS-BA), abrir a porta para novas concessões na proposta, Meirelles afirmou, ontem mais cedo, ao participar de debate sobre sustentabilidade dos regimes previdenciários, que o governo vai analisar se é necessário fazer alguma mudança. Ele disse que a equipe econômica ainda não fechou com o relator um texto final.
"Ele (o relator) está conversando com congressistas e segmentos da Câmara, sentindo quais são as demandas. Vendo o que é uma concessão versus o que dá de voto", explicou o ministro, acrescentando: "A nossa posição até o momento é de que não negociamos nenhuma mudança. Esta é a posição hoje. Evidentemente que vamos ver se é necessária alguma mudança."
Ontem, ainda, em Washington, o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner, ao comentar um relatório sobre o Brasil, sugeriu que uma espera de alguns meses para aprovar a reforma pode ser menos danosa que modificações muito profundas no projeto.
O ministro também comentou, no Twitter, os resultados da reunião com o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, que deve visitar o Brasil em março. "Ele declarou apoio pessoal à entrada do Brasil na OCDE", disse Meirelles. (com informações de "O Globo")