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Governo também refaz conta do PIB para baixo

A previsão de crescimento econômico do governo para 2018 está sendo revista e tem um viés de baixa, em linha com o que tem acontecido no mercado, segundo apurou o Valor. Mas, além de estar refazendo suas contas sobre o nível de atividade deste ano, a equipe econômica também discute qual o melhor momento para anunciar o número que substituirá os 3% atualmente previstos nos documentos oficiais.

Até o próximo o dia 22 de maio, o governo tem que divulgar o segundo relatório bimestral de receitas e despesas deste ano. Nesse documento, também são divulgados os parâmetros macroeconômicos que devem ser levados em conta.

Como os 3% dificilmente serão atingidos, o reconhecimento dessa realidade teria uma oportunidade oficial de ser feita. Por outro prisma, há quem defenda esperar a divulgação do PIB do primeiro trimestre, que será feita só no fim do mês, para se ter um dimensão melhor do desempenho da economia no início do ano e assim traçar uma projeção mais segura.

A decisão será tomada nas próximas semanas. Uma fonte considera que ficará estranho não rever a projeção já neste relatório bimestral, dado que há elementos suficientes para isso e não faria sentido colocar um número no qual já não se acredita em um documento oficial.

Embora uma fonte diga que os 3% de crescimento para este ano ainda não possam ser considerados fora do jogo, esta hipótese realmente tornou-se minoritária. O mercado, que há semanas vem reduzindo suas projeções de crescimento, na média já trabalha com 2,7% de expansão. Como mostra reportagem abaixo, o JP Morgan reduziu por duas vezes nos últimos 15 dias suas estimativas de crescimento.

No próprio governo há cenários com expansão inferior inclusive à projetada no mercado, com números em torno de 2,5% de crescimento. Oficialmente, o Banco Central já trabalha com um número de 2,6%, bem menos otimista que os formalmente divulgados pelo governo no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) e no primeiro relatório bimestral.

O dinamismo abaixo do esperado neste início de ano, reforçado por dados mais recentes como o da produção industrial - que caiu 0,1% em março, quando o governo e o mercado esperavam alta - tem sido também apontado por algumas fontes do governo como fator que levou aos dados ruins do mercado de trabalho no primeiro trimestre deste ano.

Embora o presidente Michel Temer e alguns analistas do governo tenham apontado que a flutuação negativa nesse início é normal, cálculos de dessazonalização feitos por algumas fontes governamentais apontam que o desempenho também foi negativo após esses ajustes feitos para excluir dos dados os efeitos típicos de cada período. Esse desempenho causou estranhamento em alguns analistas da equipe.

"O mercado de trabalho veio mais fraco do que se esperava. As surpresas ocorridas, com números abaixo do esperado, e volatilidade de indicadores afetam o mercado de trabalho. Além disso, incertezas com o ano eleitoral e a alta do dólar também afetam a disposição de contratação", comenta uma fonte.

Mesmo assim, as avaliações internas são de que, mesmo sem toda intensidade antecipada nas projeções mais otimistas do fim do ano passado e início deste ano, o governo ainda considera as perspectivas para a economia como favoráveis, bem como para a criação de empregos ao longo de 2018.

Ainda espera-se efeitos favoráveis que devem se materializar com a queda dos juros, em um ambiente no qual os indicadores de confiança de empresários e consumidores ainda estão melhores do que no passado.

Embora tenham sido vistas surpresas negativas, o governo ainda acredita em um PIB positivo no primeiro trimestre e até considera a possibilidade de uma surpresa favorável advinda do setor externo na contabilidade do PIB, dado que as exportações nesse primeiro período do ano teriam crescido mais que as importações de bens e serviços.