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Futuro de Correios preocupa comércio eletrônico

A inclusão da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) na carteira do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) já preocupa os varejistas do comércio eletrônico pelo receio de a estatal parar nas mãos de um concorrente estrangeiro ou um operador logístico privado assumir a operação.

Valor apurou que a administração de Floriano Peixoto Vieira Neto, que assumiu o comando em junho, está reestruturando as superintendências estaduais para organizá-las por região. Uma fonte disse que a estratégia seria fazer uma cisão dos Correios, separando a área concorrencial, que abrange encomenda e logística, e migrá-la para a Correios Participações (CorreiosPar), subsidiária para investimentos com a iniciativa privada.

Esta mudança permitiria vender à iniciativa privada a parte lucrativa da operação sem passar pelo aval do Congresso. O modelo é semelhante ao da privatização dos serviços de telefonia, quando o monopólio da Telebras foi quebrado. O serviço postal, que registra sucessivas quedas na receita, continuaria sob a responsabilidade do governo.

A americana Amazon e a chinesa Alibaba estariam entre as interessadas nos ativos. Segundo Pedro Guasti, consultor da Ebit|Nielsen, a aquisição seria estratégica para as multinacionais dominarem a logística na chamada última milha no Brasil. Essas gigantes possuem estruturas próprias de entregas em seus países de origem para serem mais competitivas.

"Uma possível aquisição da estatal por esses marketplaces poderia ocorrer em parceria com bancos. A rede de agências poderia ser usada para venda de serviços financeiros e recebimento de contas de consumo. A estratégia parece contraditória no ambiente de digitalização, mas boa parte da população do país não é bancarizada."

Mauricio Salvador, presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), afirmou que vender a estatal para um concorrente como Amazon ou Alibaba seria "fazer o monopólio mudar de mão". Fatia de 80% das entregas dos pedidos dos pequenos e médios lojistas virtuais são feitas pelos Correios.

"Em reunião no mês de maio com a equipe do PPI, sugerimos que um IPO [oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês] seria o melhor modelo", disse.

A reportagem não conseguiu contato com ECT e Alibaba até a conclusão desta edição. A Amazon disse "não comentar especulações".

 

FONTE VALOR