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BP e Copersucar formam joint venture em Paulínia

Com produção sucroalcooleira no Brasil há menos de dez anos, a britânica BP Biocombustíveis realiza agora sua primeira incursão na logística de etanol no país, por meio de uma parceria com a Copersucar, uma das empresas mais tradicionais do segmento. Ambas passarão a dividir a gestão do terminal do biocombustível que a Copersucar construiu em Paulínia - ponto nevrálgico da distribuição de combustíveis do país - por meio de uma joint venture. Conforme acordo assinado ontem, cada parceira terá 50% da nova empresa. O valor da transação não foi divulgado.

O terminal, que recebe etanol de todas as usinas sócias da Copersucar e de terceiros, foi resultado de um investimento de R$ 150 milhões do grupo e está em operação desde 2014. Em 2016, após receber autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (ANP), o Terminal Copersucar de Etanol (TCE) foi conectado à refinaria da Petrobras em Paulínia (Replan).

Paulo Roberto de Souza: joint venture vai "otimizar a logística de etanol"

Antes mesmo de manifestar seu interesse na exploração do terminal, a BP Biocombustíveis já mantinha relação comercial com o Copersucar - desde 2011, com contratos de comercialização, armazenagem e logística de produtos.

O presidente da Copersucar, Paulo Roberto de Souza, disse, em nota ao Valor, que a joint venture abre oportunidades para "otimizar a logística de etanol" e proporcionará "ganhos de competitividade e flexibilidade no atendimento ao mercado".

"Esta importante parceria com a Copersucar nos permitirá ampliar de forma relevante a presença comercial da BP no Brasil", afirmou Mario Lindenhayn, presidente da BP Biocombustíveis e representante da companhia petrolífera no Brasil, também em nota ao Valor. Com três usinas no país - duas em Goiás e uma em Minas Gerais -, a britânica tem capacidade para produzir até 900 milhões de litros de etanol por safra, em uma temporada na qual a fabricação do biocombustível foi maximizada.

A opção por parcerias tem sido uma estratégia presente nos movimentos recentes de ambas as companhias no segmento. Quando resolveu estrear na produção de açúcar e etanol no Brasil, a BP Biocombustíveis fez, em 2008, uma joint venture com os grupos Maeda e Santelisa Vale para administrar uma usina em Goiás. Com isso, a empresa inaugurou a onda de investimentos estrangeiros da última década no setor.

A Copersucar também tem optado por joint ventures. Foi assim com sua entrada no mercado de distribuição de etanol nos Estados Unidos, com a Eco-Energy - que hoje é totalmente controlada pela brasileira - e com a criação da trading de açúcar Alvean com a americana Cargill.

Por estar próximo à maior refinaria de petróleo do país, o que concentra as distribuidoras de combustíveis em Paulínia, o TCE hoje é crucial para conectar as usinas sucroalcooleiras do Centro-Sul à rede de distribuição. Além do terminal da Copersucar, há outros três terminais que operam com etanol no município, mas com volumes muito menores que os movimentados pela cooperativa.

Além de estar conectado à refinaria da Petrobras, o TCE também garante acesso de etanol ao duto da Logum - companhia que tem a Copersucar em seu bloco de controle e que hoje opera até Uberaba e Ribeirão Preto -, e às rodovias Bandeirantes, Anhanguera, Dom Pedro e a Estrada Velha de Campinas (SP 332). Em um "futuro breve", segundo a BP, o terminal será integrado à Ferrovia Centro-Atântica, operada pela VLI, que já é utilizado para escoar açúcar produzido no interior de São Paulo.

Atualmente, o terminal tem capacidade para armazenar 180 milhões de litros de etanol - tanto o anidro, que é misturado à gasolina nas distribuidoras, como o hidratado. Por ano, o terminal movimenta até 2,3 bilhões de litros do biocombustível. Esse volume representa pouco mais da metade de todo o etanol que a Copersucar movimentou na safra passada (2016/17) e 14% do volume vendido pelas usinas do Centro-Sul do país desde o início da safra atual até a metade de novembro.

Já na época da construção do terminal a Copersucar previa a possibilidade de dobrar a capacidade de armazenamento e movimentação do TCE. Porém, a companhia britânica disse que "qualquer plano futuro será discutido em conjunto pela Copersucar e a BP, após a aprovação do negócio pelos órgãos regulatórios". A transação ainda depende da satisfação de "condições precedentes típicas para esse tipo de negócio", segundo a BP, o que inclui a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).