ANÁLISE: Conversão de caminhões para gás natural não será simples
RIO - O quadro atual do modal rodoviário brasileiro mostra que a intenção do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, de converter os caminhões a diesel para gás natural, não será tarefa simples ou de curto prazo.
Em entrevista publicada pelo jornal “Folha de S. Paulo”, o ministro indicou querer usar a reforma do marco regulatório do gás para incentivar a conversão de caminhões para gás natural. “Não dá para dizer que haverá subvenção ao caminhoneiro. Não tem isso no momento, mas o preço vai cair tanto com essa expansão, que ficará mais atrativo fazer a conversão”, disse ele, na entrevista.
Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), porém, mostram que o Brasil ainda está longe de ter uma matriz energética rodoviária baseada em gás natural. De acordo com dados da estatal de estudos energéticos, dos 79 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep) consumidas pelo modal rodoviário em 2017, apenas 2,2% foram preenchidos pelo gás natural. Os produtos mais consumidos são o diesel (45,5%) e a gasolina (31,3%).
Considerando o consumo final de veículos leves, o gás natural responde por 4% dos 43 milhões de tep. Ao se analisar o consumo de veículos pesados, porém, observa-se a ausência do energético. Nessa categoria, o diesel domina com 92,5% dos 36 milhões de tep consumidos. O restante, de 7,5%, é preenchido pelo biodiesel.
De acordo com as projeções da EPE, no cenário atual, a demanda por diesel rodoviário deverá crescer 19 milhões de metros cúbicos, ou 2,7% ao ano, até 2030. No mesmo horizonte, a demanda por combustíveis do ciclo otto deverá avançar 1,8% ao ano, ou 15 milhões de metros cúbicos.
O modal rodoviário responde por 93,6% dos 85 milhões de tep consumidas pelo setor de transportes. Por sua vez, o grupo de transportes é o segundo maior consumidor de energia do país, respondendo por 32,7% dos 259 milhões de tep consumidos em 2017. O maior consumidor é o setor industrial, com 32,9%.
A EPE está desenvolvendo estudos sobre a viabilidade do investimento para conversões de caminhões. Também está em estudo a viabilidade de investimento em infraestrutura para abastecer os veículos pesados em todo o país.
FONTE VALOR